Como evitar o famoso “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. Em nosso dia a dia, somos, frequentemente, desafiados a agir conforme nossas crenças e nossas falas. Com a agitação e a correria, simplesmente não paramos para avaliar, mas precisamos questionar-nos se nossas ações são coerentes com nossos pensamentos e palavras. E como está a aderência de suas ações? Mesmo? O que você reflete em sua fala?
Desafios, metas, resultados, mudanças… temos certeza que são expressões comuns a todos que possuem atividades pessoais e profissionais. Em corporações, discutir a existência delas, no dia a dia, torna-se óbvio e nem precisa ser dito. Pessoalmente, deveríamos, também, inseri-las em nosso planejamento de crescimento, e, temos certeza de que, muitos, ao ler essa última frase, dirão: Eu Tenho…
Talvez você comece a questionar o que isso tem de novidade, e o pensamento assertivo está na direção correta, ao afirmar que isso não é novo. Porém, nós precisamos compartilhar uma experiência simples e extremamente valiosa que adotamos, com resultados realmente fora da curva.
“Adotamos” está no contexto correto, pois implantamos isso em nosso grupo, como prática quase sacra. Antes de contar o que fizemos, permita contextualizar, para a lógica e compreensão correta. Em busca de melhores resultados, investimos em treinamentos e workshop, para alinhar e desenvolver nosso time. Em nossa rotina, focamos no desenvolvimento pessoal de cada um, para que todos possam crescer, e aí encontramos a primeira grande surpresa obtida. Voltando aos treinamentos, estávamos em mais um, para extrair o melhor de cada e potencializar nossos resultados. Ao fim dele, combinamos que colocaríamos em prática, e, por ser um desenvolvimento de comportamentos, precisaríamos ter feedback constante.
A resposta típica, neste momento, foi um acordo coletivo das pessoas deste time a que pertencemos. Para dar o exemplo e para ter a certeza de que não seria mais um treinamento investido e não absorvido, “puxamos” a fila. Começamos de maneira simples, repetindo o que tínhamos dito sobre a forma pela qual enxergávamos nossos comportamentos e no que acreditávamos. Ao terminar, pedimos para que cada um do grupo nos contasse quais atitudes, do dia a dia, comprovavam o que tínhamos acabado de falar sobre nosso comportamento.
No início, tivemos certo desconforto, mas explicamos que é mais comum do que imaginamos, que afirmamos o que gostaríamos de ser e não o que, realmente, somos na atualidade. Esse era o único motivo que movia a nossa pergunta, pois precisávamos de uma visão de fora, sobre nossa fala, comparada às nossas ações.
Após alguns meses, o time estava extremamente confortável, para dizer o que enxergava de hiato entre nossos discursos e nossas ações. Você já ouviu que toda história tem um “porém”? Claro que não seria diferente. Dar feedback, pontuar o que existe de abismo entre o que pensamos ser e o que realmente somos é relativamente simples, quando nada crítico ocorre.
Alguns meses após começarmos essa prática em nosso grupo, recebi um duro feedback. Uma fala direta, pontual e sem rodeio. A mensagem foi bem simples: “Fernando, observe que o que você critica neste tema, você está fazendo exatamente igual.” Confesso que foi um momento muito feliz, apesar da crítica, pois sabia que havia desviado um pouco da rota, e, nestas horas, precisamos ouvir, de fora, a mensagem. A felicidade não estava no fato do feedback, pois já sabíamos que era um ponto a ser corrigido, ela morava na confiança estabelecida. Verdades de comportamentos e atitudes serão sinceras e verdadeiras, na justa medida em que a segurança e confiança permeiam quem analisa.
A liberdade alcançada rompia todas as possíveis hierarquias, ao conquistarmos credibilidade e confiança entre as pessoas de nosso time. Sabemos que os apontamentos não são julgamentos, mas pequenos alertas, para que possamos revisar nossa postura e nossa fala.
Hoje, no dia em que preparamos este pequeno texto, sentamo-nos, novamente, para discutir nossas metas de comportamento para o ano. Renovamos o compromisso de um vigiar um ao outro e, como time, apontarmos quando nossas ações não condizem com nossa fala. Essa calibração, em nosso dia a dia, é o que traz polimento ao nosso desenvolvimento.
Essa história real, em que nós, quatro jovens, comprometemo-nos, mais uma vez, a observar, de forma individual, se o que fazemos está alinhado com nossas falas e crenças, dividimos com você, para fazer uma simples pergunta para sua reflexão:
“As suas ações confirmam as suas palavras e pensamentos, sobre o que é correto nas situações do dia-a-dia?”
Fizemos a primeira vez esse acordo há dois anos. Gerou desconforto, mas, após meses de prática, pudemos ver a grandeza, proporcionada, simplesmente, ao enxergar o que está em conflito entre nossos pensamentos, palavras e ações. O primeiro passo da mudança é sabermos o que precisamos ajustar e assumir que a única mudança possível é a que realizamos em nós mesmos.
E você? Faz o que fala?